Ousado e desafiador, esse livro enfrenta a difícil tarefa de diagnosticar o presente, apontando para as rupturas profundas nas formas pelas quais se manifesta o poder, no governo da vida e do planeta. Ecopolítica remete à ilimitada expansão e à progressiva transformação do controle biopolítico das populações para o governo de todo o sistema planetário, em nome do pluralismo democrático, da inclusão social, da boa governança e da salvação das espécies. Como aqui se mostra enfaticamente, a racionalidade neoliberal reconfigura todas as dimensões da vida social em bases econômicas e o governo das condutas se estende à própria produção da subjetividade do indivíduo tido como “empresário de si mesmo”. Esse instigante livro também nos apresenta uma cartografia das liberdades, das lutas e resistências que se abrem com a ação direta, a antipolítica e as infinitas práticas da liberdade, de que ele próprio é testemunho. Assim, é também da transformação libertária que tratam essas pesquisas, das linhas de fuga e das resistências possíveis na sociedade de controle, que coloca no centro das atenções os temas da segurança, dos direitos e das penalizações, ampliando consideravelmente seu domínio. Se as formas de controle e sujeição na era planetária se tornam muito mais complexas, abrangentes, sofisticadas e violentas, é preciso perceber por que emaranhados irrompem fluxos, fissuras e devires em direção à construção de outros espaços, heterotopias de si, do mundo e da vida, no aqui e agora.