A abordagem ergológica pressupõe diferentes olhares e o trânsito entre diferentes saberes acerca do trabalho. Pressupõe que, além das áreas de conhecimento correspondentes às disciplinas ditas científicas, sejam considerados os saberes construídos pelos próprios trabalhadores no cotidiano do trabalho, com suas interrogações permanentes a tais disciplinas. Este livro traz reflexões e encontros de idéias entre pesquisadores de diversos campos filosofia, ergonomia, lingüística, saúde do trabalhador, psicologia do trabalho e engenharia de produção. Além de dialogarem entre si, os autores têm se voltado para a escuta e o diálogo com os atores do trabalho. A dinamização da relação entre conhecimento científico e experiência singular no trabalho cotidiano é apreendida por essa abordagem de modo a suscitar um compartilhamento de saberes e um compromisso ético. Desse modo, formam-se parcerias entre pesquisadores docampo científico e trabalhadores, na busca solidária de possibilidades de transformação de situações de trabalho. Nessa empreitada, evidentemente, obstáculos precisam ser vencidos e conflitos de interesses exigem uma luta continuada que encontra espaço no plano microssocial e micropolítico dos contextos examinados, podendo, também, ter respaldo na ação sindical. A complexidade e a variabilidade da experiência sedimentada pelos atores em questão emergem em situações de trabalho distintas, nas quais o leitor encontra, entre outros exemplos, operárias do setor eletrônico, trabalhadores de escola, mergulhadores, metalúrgicos e profissionais de saúde. As implicações dos estudos são numerosas, com destaque para a importância do ponto de vista da atividade na gestão do trabalho e nas práticas direcionadas à afirmação da saúde. Edith Seligmann-Silva Professora da Fundação Getulio Vargas de São Paulo