Um conjunto de ensaios bem distintos em seus estilos e motivações, e esse é um dos seus maiores méritos, mas que se debruça nas diferentes formas através das quais corpos desertores do binarismo de gênero e da heterossexualidade compulsória, nos contextos territoriais e fronteiriços do que se chama Brasil e América Latina, criam e inventam para, de forma comunitária, tornar as suas existências possíveis nesses terrenos marcados pelas violências de gênero e sexuais, raciais e neocoloniais. Transitando entre a Literatura e a Filosofia, entre poema e prosa, ensaio e autobiografia, e articulando seu pensamento com inúmeros artistas (poetas, escritores, músicos, performers, quadrinistas) e ativistas (trans, antirracistas, descoloniais, insurrecionários) abigail Campos Leal avança numa escrita forte, emotiva e transgressora, não apenas se aprofundando nas proposições e contribuições desses interlocutores, mas tentando criar algo novo a partir desse diálogo.