Abordando a relação oral/escrito, este livro reintroduz um discurso sobre a escrita que busca ser uma alternativa tanto à visão normativa ­ que considera a presença da oralidade na escrita como uma interferência indesejável ­ quanto à visão descritiva mais atual que, ao propor uma compartimentalização dos gêneros discursivos em um continuum, corre o risco de domesticar a heterogeneidade que ela própria reconhece como marcada em cada um desses gêneros. A perspectiva adotada busca desentranhar dos textos o seu processo de produção, consistindo, fundamentalmente, em apreender marcas lingüísticas da memória fragmentária das interações de que o texto é o registro, consideradas as representações que atuam no processo de (uma dada) escrita. O objetivo é favorecer intervenções mais eficazes no texto por parte do leitor (seja ele o escrevente ou o professor).