Em 1959, um romance abalava o meio literário brasileiro, inovando tanto na sua estrutura narrativa quanto no aprofundamento ideológico e estilístico. Seu autor, Lúcio Cardoso, um mineiro radicado no Rio de Janeiro, ganhou fama de maldito. O livro, Crônica da casa assassinada, tornou-se um clássico da literatura nacional e agora, 40 anos após o seu lançamento, recebe uma edição comemorativa, resgatando o texto original e com apresentação do crítico literário André Seffrin. Este livro é a história de uma família em franca derrocada social e moral. Uma história que somente é conhecida pelo relato de seus próprios personagens, por meio de cartas, diários, memórias, confissões, depoimentos, e cujos temas centrais são o adultério e o incesto, a loucura e a decadência. Numa linguagem altamente metafórica, monta-se um esquema estruturalmente complexo, no qual verdade e mentira chegam aos limites do paroxismo. Em 1971, Crônica da casa assassinada foi adaptado para o cinema por Paulo César Saraceni, que também filmou Porto das Caixas (1961), baseado em outra história de Lúcio e no romance inacabado O viajante (1998).