O imaginário da Idade Média está na origem da civilização ocidental. Suas crenças populares e práticas rituais expressam a dimensão profunda do cristianismo, uma religião que determinou as formações sociais e a organização simbólica do mundo europeu, mas que se desenvolveu procurando apagar suas fontes mitológicas. A Eva Barbada, de Hilário Franco Jr., apresenta os múltiplos aspectos que caracterizaram esse embate entre a cultura erudita da Igreja oficial e os valores muitas vezes eclesiásticos veiculados pela tradição oral do período medieval. Analisando a obra de poetas, as narrativas de viajantes, as utopias e a iconografia de igrejas e claustros, esta coletânea de ensaios coloca em perspectiva histórica uma cultura plurissecular descrevendo as sucessivas transformações e “deformações” dos atos bíblicos e discutindo a importância metodológica de descortinar a paisagem pouco conhecida da mitologia cristã.