Poucos textos religiosos alheios ao cristianismo se referem com tantos detalhes a Jesus Cristo, sua vida, sua pregação e seus milagres como O Corão. É também neste livro fundamental do islamismo que se fala de Maria “imaculada”, dos profetas “pregadores da palavra de Deus” e dos apóstolos “encarregados de uma missão especial”. São reconhecimentos valiosos contidos em uma Escritura considerada divina pelos muçulmanos e que se acredita reger a vida de milhões de pessoas. Nela estão os milagres de Cristo, os relatos sobre cegos que voltaram a enxergar, leprosos que foram curados, mortos ressuscitados de seus túmulos. Cerca de 600 anos depois da morte de Cristo, Maomé reconhece claramente que esses feitos sobrenaturais, ações do poder divino, foram realizados por Jesus, “filho de Maria, ilustre neste mundo e no outro”. E é nesse mesmo livro que mais se fala sobre o Pentateuco, os Salmos, os Evangelhos, os Profetas maiores e os Profetas menores. É notável a importância que O Corão atribui a personagens bíblicos como Abraão, Moisés e Noé. Trata-se, então, de duas religiões que, de certo modo, compartilham uma referência bíblica, uma mesma adoração a um Deus único, uma mesma crença no Juízo Final, no paraíso, no inferno e na ressurreição dos mortos. Como é possível que essas condições fiquem hoje em posições totalmente opostas e que, ao longo dos séculos, tenha havido tantos desencontros, conflitos e enfrentamentos? Quais outras frases ou testemunhos anularam o que já foi citado e transformaram o Islã em rival eterno do cristianismo? Este livro procura questionar as causas dessa desavença secular e analisar os feitos que deram lugar à crise atual.