Este livro promove o encontro de cineastas de percursos muito distintos: Nelson Pereira dos Santos, Arnaldo Jabor, Artur Omar e João Silvério Trevisan. O seu recorte ousado dá ensejo à abordagem de um amplo leque de questões presentes no debate sobre o cinema brasileiro realizado entre 1969 e 1974. Guiomar Ramos se recusou a concentrar o foco em apenas uma das tendências ou gerações que marcam o período. Voltada para a produção mais instigante da época, nos planos estético e político, ela escolheu quatro filmes que trazem em seu corpo as marcas de uma estética inspirada na metáfora oswaldiana da antropofagia. Num primeiro momento, a análise se apóia em Mikhail Bakhtin e no seu conceito de carnavalização, uma vez que os filmes exibem uma textura feita de citações e ironias muito próprias a um contexto cultural que recolhe a energia de um Tropicalismo que já vivia as inflexões dos anos de chumbo.