Identifico permeando o texto de Omar Ferri, a atitude crítica ante a religião, tal como caracterizada por William Paden, de forma concisa: O que a religião interpreta como Deus, seus críticos interpretam como ilusão. O que a religião interpreta como escritura sagrada, os críticos interpretam como invenção humana. O que a religião interpreta como tradições divinamente ordenadas, os críticos interpretam como sistemas de repressão e dominação. O que a religião interpreta como liberdade, os críticos interpretam como falsa segurança. É bem possível que muitos estranhem que um professor universitário de História das Religiões escreva o prefácio da presente obra que é tão crítica para com a religião, porque se espera que quem se dedique ao estudo, ensino e pesquisa desta disciplina, defenda seu objeto. Nada mais enganoso. Ao pesquisador sério compete, antes de qualquer coisa, compreender bem o seu objeto e tentar ser o mais objetivo possível e nem esconder seus defeitos, quando são patentes. E é isto o que Ferri faz a todo momento: apontar os defeitos das religiões, partindo do pressuposto que são criações humanas entremeadas pelos defeitos da humanidade. Ora, em qualquer ponto que se leia a sua obra, sua crítica à religião, seja ela qual for é lastreada pelos motivos que indica. Ele julga as religiões, buscando as incongruências e as impossibilidades racionais de suas crenças, se indignando com as ações despóticas e tiranas contidas nas políticas promovidas pelas religiões. Eduardo Basto de Albuquerque Doutor e Livre Docente em História e Professor de História das Religiões da Universidade Estadual Paulista -UNESP