Este livro se propõe a contribuir para a reflexão dos professores sobre a ética como um tema transversal do currículo escolar. Sugere para isso uma reorientação do olhar docente para os acontecimentos emergentes ao seu entorno, em particular, para aqueles que decorrem da amizade das pessoas com deficiência com os demais atores da escola. Vislumbra encontrar aí a emergência de focos de resistência e de processos de subjetivação importantes para a diferenciação ética e para eventuais transformações (inter)subjetivas dos atores da escola. Para tais propósitos situa os limites da literatura sobre ética e educação para abarcar o aprendizado e a formação ética nessa instituição, situando o lugar ocupado pela estética da existência nesse campo e os desafios que apresenta à educação. Dessa perspectiva, compreende a dramática de si presente na pragmática foucaultiana e o lugar ocupado pelo acontecimento na educação ético-filosófica, propondo um aprendizado ético e formação política diferenciada, quando pensado em relação ao currículo escolar e à pedagogia. Para essa proposta caberia ao educador certa disposição à dramática de si e ao acolhimento do acontecimento, em vistas a elaborar uma poética da diferença, cujo papel político seria crucial no tempo presente. Por sua vez, essa abertura ao acontecimento e à reflexão ética diante de um outro, ajudaria a esse mesmo educador a se inserir nas lutas transversais e, particularmente, a se relacionar com ethos distintos, como os emergentes da amizade das pessoas com deficiência com os demais atores da escola. É nesse campo que se busca encontrar uma atualização da estética da existência e novos horizontes para a formação ética na escola.