A literatura deve ser um meio para que possamos enfrentar a tristeza da realidade, os nossos medos e o silencio. Ela deve tentar pronunciar palavras, pois temos medo do desconhecido e do inominável. Acredito que todas as histórias tanto as minhas como as de outros escritores, são apenas elaborações linguísticas complexas quem tentam dar um nome as nossas feridas, a nossos medos, tornando-os, deste modo, menos assustadores. É o imenso valor ético e civil das narrações. Se muitas pessoas leem meus livros, é porque sentem como eu, medo da realidade ainda que não tenham consciência disso. Se conhecermos o que nos ajudam a dominar nossos medos. Pessoalmente, prefiro a dominação das narrações à dominação exercida pela ciência, a filosofia ou a religião. No filósofo, no erudito ou no padre, há sempre uma espécie de autoridade que não se encontra no escritor. Além do mais, quem evita os livros vê neles algo de desencorajador, austero, distante da vida. Enquanto o leitor sabe que eles podem ser uma fonte de infinito prazer. E para dar um pouco mais de leveza, gostaria de dizer que aqueles que tiveram acesso aos livros evocam antes de tudo o prazer de ler. Darei a palavra a eles antes de continuar a percorrer os caminhos pelos quais nos tornamos LEITORES.