Quando conheci Raquel Versieux, era 2006 num boteco de BH. Ela retornava de uma caminhada pelo Anel Rodoviário, fotografando calçados perdidos juntos da mureta de concreto que divide as faixas desta via expressa. Sentou-se à mesa sedenta, reproduzindo o som estridente das buzinas de carretas, contando do vento quente dos motores diesel que balançavam seu corpo enquanto fotografava. Essa teria sido sua primeira investida como artista visual. Em algodoar, devolvir, sua primeira publicação de poemas, reencontro em palavras sua sede por descrever um mundo observado fotograficamente, em descolamento, sugerindo o movimento entre doar e devolver, ou devolvir, como nos convida a inventar. Foi ela que me contou também que, na fotografia, a velocidade mais baixa para não tremer a imagem é o exato intervalo entre uma batida e outra do coração. Para isso, deve-se ouvir o coração. Mas não é só sobre isso que ela me conta quando diz devolvir/meu coração, anunciando aqui uma espécie de auto (...)