Qual é a materialidade da psicanálise? De que matéria trata? Que matéria toca? Em tempos de franca disseminação do mundo digital e de atenção à 'cultura imaterial', o que singulariza a materialidade afirmada pela psicanálise? Os 11 textos reunidos nesta obra partem dessas e de outras perguntas, com o intuito de abordar problemas tratados pela psicanálise. Divididos em três seções, os artigos percorrem temas que vão do contexto histórico do discurso freudiano ao ato criminal, ao recurso à droga nas psicoses e à problematização da diferença sexual. Nesse arco de preocupações, examinam-se, de um lado, a concepção de realidade, os efeitos do significante sobre a tarefa a que o analisante é convocado e a homologia entre a mais-valia de Karl Marx e o mais-de-gozar de Jacques Lacan; de outro, as implicações da distinção entre fala e escrita para a concepção que se tem do sujeito, o entendimento da psicanálise como um discurso sem fala e a inscrição da perda na clínica psicanalítica e na produção literária, revelando-se de seus hiatos e liames uma tênue, porém precisa afirmação da construção cotidiana do saber causado pela invenção freudiana.