No Brasil, durante os últimos anos, distintos trabalhos passaram a se autonomear pela expressão dança contemporânea”, praticando tamanha generalidade que impossibilita a identificação do objeto ao qual a expressão se refere. O bios midiático transformou a expressão em um dispositivo comunicacional e econômico de convocação biopolítica, naturalizada como uma nomeação inespecífica. Diferentes percepções sobre a expressão denotam esse fenômeno que pode ser observado em propagandas que circulam na internet em forma de flyers de cursos, de aulas, de oficinas ou de workshops; nos textos e nos resultados dos editais do Programa Petrobrás Cultural e em programas de dança para a televisão nos canais de arte SESC-TV, Arte1 e Canal Brasil. Esses dispositivos econômicos e comunicacionais, quando legitimados institucionalmente, agem como dispositivos biopolíticos de poder, legislando sobre o que deve viver ou morrer. Relações biopolíticas entre mídia e corpo demonstram o tipo de convocação realizado pelos dispositivos que exortam a expressão dança contemporânea como sinônimo do termo dança. Eles agem esvaziando a expressão e, simultaneamente, interpelando indivíduos como sujeitos-artistas da dança contemporânea. Em troca permanente de informações com o ambiente, os corpos dos indivíduos convocados biopoliticamente produzem recorrências estéticas, manifestadas no bios midiático.