Nessa obra, a autora analisa aquilo que foge das teias do poder do Estado, mas que, no final, acaba por alimentá-lo ainda mais. Ou seja, o que Michel Foucault denomina de ?micropoderes?: pequenas instâncias discretas, quase invisíveis, que se revelam por meio de regulamentos, conselhos, avisos, proibições. Com base em pesquisa realizada com alunos de escolas estaduais, em Campinas, a autora mostra alguns motivos que levavam os próprios alunos a danificar o prédio escolar. Nota-se que, sempre que ocorriam as depredações, a escola reforçava os mecanismos disciplinares que se encarregavam de ajustar comportamentos, neutralizando agitações, críticas e a organização espontânea dos alunos. É necessário ampliar o debate sobre até que ponto a escola simplesmente reflete o que acontece na sociedade, onde o poder disciplinar se apóia basicamente em técnicas de dominação, preparando os alunos para a observação passiva de normas, que são a expressão dos mecanismos de poder, controle, vigilância e punição.