Brasil e Angola guardam afinidades históricas e culturais, sobretudo na forma de narrar a nação, nos amplos acontecimentos discursivos que visam consolidar uma imagem única e coerente da memória e identidade política de cada um destes países. No momento atual, em que a diversidade deixa de ser vista como um obstáculo e passa a ser uma condição para se chegar a uma sociedade democrática, o trabalho de Frank Marcon contribui decisivamente para um melhor entendimento desse processo. Atravessando de vários modos esse oceano, Frank revela-se um leitor atento da literatura ficcional angolana e daquela vertente teórica da antropologia que vê a narrativa literária como importante suporte para interpretação de contextos culturais aparentemente tão diversos