Debaixo do verniz de civilização, somos, sob muitos aspectos, ainda, desgraçadamente, um país bárbaro. Isso porque, as instituições políticas, econômicas, sociais e culturais, quando funcionam, o fazem precariamente. Sobre nossas casas legislativas, mormente o Congresso Nacional de há muito se tornou valhacouto de vigaristas, de terno e gravata (com honrosas exceções que confirmam a regra). A maioria da população, massa trabalhadora madrugadora, mal remunerada, das grandes cidades sofrendo com os péssimos meios de transporte urbanos, sequer tem tempo para refletir sobre a conduta de seus algozes. Daí porque continuam impunes. O crescimento dos últimos 20 anos ainda não foi capaz de amenizar a miséria que infelicita grande parte da população brasileira, ainda que se diga sempre que o futuro está às portas. Estão aí as imensas favelas, cujos residentes vivem, na maior parte das vezes, uma existência subumana em seus miseráveis barracos, sistematicamente inundados pelas cheias de rios e charcos poluídos, quando não levados pelas correntezas formadas durante as grandes tempestades; ou ainda vendo seus filhos, pequenos seres comidos por verminoses, entre outras moléstias produzidas por roedores, companheiros permanentes da pobre gente. Não é diferente a vida que leva a pobre gente nos grotões do Norte/Nordeste onde a fome, apesar do falso assistencialismo oficial, é moeda corrente. Gabam-se as autoridades de seu sucesso no combate à mortalidade infantil. Mas, quais seriam mesmo esses índices nas favelas e grotões? Ao lado de uma vida miserável, desamparada dos poderes públicos, a pobre gente ainda enfrenta o domínio de marginais, com predominância para os traficantes de drogas - vício que se alastra por todos os cantos do país.