A Cultura Carnavalesca, em São Paulo, possui uma dimensão tradicional em acelerada modernização. Tal aceleração deu-se a partir de 1968 com um conjunto de incentivos e encaminhamentos que assemelharam o carnaval paulistano ao modelo da festa carioca como padrão nacional para as escolas de samba. Investigar uma geografia do turismo no interior dessa cultura corresponde à observação das motivações políticas e simbólicas que aceleraram a construção da passarela do samba paulistano. A modernização do Carnaval criou um lugar especial para seu desenvolvimento turístico, popularizado como Sambódromo: o Pólo Cultural e Esportivo Grande Otelo, oficialmente um palco de eventos diversificados. O estudo mostra origem, significado, ocupação e os desafios desse palco, bem como a carência de um projeto político e cultural para potencializar seu uso no mundo do samba, o que se revelou claramente na organização do Carnaval de 2004 - uma homenagem aos 450 anos da cidade de São Paulo. Diante dos problemas políticos e funcionais que impedem o reconhecimento público do samba paulistano por toda a cidade, é apresentada uma proposta desafiadora para qualificar o uso simbólico e turístico desse espaço carnavalesco. Trata-se da interpretação do Pólo Cultural e Esportivo como Túmulo do Samba de fato - tal qual a expressão que Vinícius de Moraes cunhou para a cidade de São Paulo. A discussão sobre novas estratégias de apropriação desse espaço simbólico por parte do mundo do samba, bem como as possibilidades de investimento educativo no turismo cultural, é o pano de fundo dessa proposição, enriquecedora e desafiadora num só tempo.