Como o artesão de um assombro por vir, eminente no âmago de todo Ser, Felipe Teodoro compõe sensivelmente a desilusão violenta com um real que corrói e devora através da miséria dos dias a carne de todos nós somos unhas roídas pelos dentes do tempo. Ainda que consumidos pela desesperança, embriagamo-nos de uma lucidez delirante e atravessamos os labirintos da consciência em direção ao abismo da linguagem tentando com a faca dos sonhos escrever o nome em meio a fragmentos de memórias estilhaçadas do Pai, da Mãe ou da borboleta negra clariceana, mas no limite dessa possível inscrição do Eu está incrustrada a lancinante percepção de que mesmo a mão que talha não possui o poder de romper o fluxo contínuo dos Outros que nos assombram insolitamente. João/Márcio/Um mendigo/William Wilson ecoando nas entrelinhas, espectros disformes de uma multidão que emerge de cada poema, quantos fantasmas doentes se escondem dentro de nós?, conduzindo-nos às ruínas de tudo. [...]