No Brasil, por muito tempo, a Semana de 22 foi definida como a aurora de uma nova era, um divisor de águas no campo das letras e das artes plásticas, e seus articuladores, com Mário e Oswald de Andrade à frente, definidos como paladinos da modernidade no país. Essa construção historiográfica, resultante da posição hegemônica que seus protagonistas passaram a desfrutar no cenário nacional na década de 30 e posteriormente consolidada por intelectuais dentro e fora da academia, vem sendo questionada por estudiosos e especialistas nos últimos anos. Sem tirar dela o mérito de impulso decisivo para o desenvolvimento do modernismo, com todos os seus desdobramentos culturais, a Semana de 22 carrega em si profundas contradições intrínsecas a qualquer movimento de ruptura. Explorá-la numa abordagem crítica, enfocando suas ambigüidades e suas conquistas, é o que a autora, Marcia Camargos, propõe-se a fazer neste livro.