Como demonstrar que os práticos, agricultores ou outros profissionais, produzem, avaliam e renovam incessantemente o conhecimento que orienta as suas actividades? Como recusar o esforço dos que, à sombra da partilha "do" saber, pretendem dirigir a acção dos outros? Como, sem cair no relativismo, denunciar o cientismo, legitimar as formas de conhecimento dos práticos e fundamentar as possibilidades de uma real cooperação entre pensamento científico e pensamento da prática? Como mostrar que uma sociedade onde o exclusivo da inteligência pertença a minorias é uma utopia, tenaz, mas esterilizante? Utopia essa que se alimenta do "racismo da inteligência". Como se exerce um tal racismo, como é ele sofrido, como é que alguns o disfarçam e o confirmam numa espécie de boa vontade caritativa, sem pôr em causa o princípio mesmo de uma organização social? Os meios de abordar estas questões, propostos por Jean--Pierre Darré, ultrapassam claramente as fronteiras do sector agrícola, que nem por isso deixa de ser um exemplo perfeito. Este livro, no cruzamento da sociologia e da antropologia, destina-se aos investigadores e a todos aqueles que têm de aconselhar, dirigir ou informar: trabalhadores sociais, responsáveis sindicais, dirigentes ou peritos. Entrelaçando experiência no terreno e teoria, o autor comenta textos de disciplinas e tendências muito diversas, compondo um corpus conceptual e metodológico original, virado para o estudo da produção de conhecimento pela acção. JEAN-PIERRE DARRÉ, doutor em Etnologia, foi consultor junto de industriais fornecedores da agricultura e realizou numerosos estudos sobre os processos de mudança técnica. As suas investigações orientaram-se depois para o estudo da difusão dos conhecimentos científicos e da relação de consulta, por conta de organizações técnicas agrícolas ou de especialização não agrícola (INSEE), pesquisas associadas a actividades de ensino, nomeadamente junto de agentes de desenvolvimento, em França ou nos países do Sul.