O Escândalo Político Midiático, popularmente denominado de Mensalão , (Ação Penal 470-MG) foi o maior julgamento da história do Supremo Tribunal Federal STF. Sua escolha, como estudo de caso, se deve, entre outros fatores, por ele se constituir num exemplo típico de como um único processo pode demandar as atividades de uma Corte inteira, praticamente monopolizando as suas principais atividades por mais de 6 meses. O que nos motivou na observação dos escândalos políticos midiáticos, o mensalão em particular, foi fundamentalmente compreender como a organização central do sistema jurídico constrói suas observações sobre os escândalos políticos midiáticos, bem como a forma com que o sistema Jurídico-Penal processa as irritações do sistema de comunicação social, seja na forma de notícias e, num processo de evolução sistêmica, sob a forma de entretenimento (espetáculos). Compreender a estratégia criminal presente no julgamento, sob a perspectiva da teoria dos sistemas autopoiéticos, constituiu o grande desafio da pesquisa. Nesse itinerário, procurou-se, porém, observar muito além das narrativas textuais (acórdãos) e do espetáculo (vídeo e áudio) dos julgamentos, e verificar o que está por trás desse fenômeno. É uma tentativa de compreender como a própria estrutura desse tipo de escândalo midiático pode se sobrepor ao processo, que tende a perpetuar esse rótulo para além da morte dos acusados.