José J. Veiga foi um cidadão do mundo da fantasia plena, aquela região misteriosa onde os sonhos se intrometem na realidade e fenômenos estranhos sacodem os alicerces da razão e zombam da lógica. A sua obra de ficcionista está povoada por fantasmas bonachões, nada fantasmagóricos (no sentido usual do termo), mais capazes de encantar do que assustar, objetos que se humanizam, mas também de casos de horror, mistério, sobrenatural, estranhos, por vezes terríveis, quase sempre com um sentido de alegoria. Ou de parábola kafkiana, como no conto \u201cA Máquina Extraviada\u201d, uma assustadora reflexão sobre a falta de sentido da vida humana. Parábola, apólogo ou alegoria, surrealismo ou realismo mágico, a ficção de José J.