O movimento se dá no tempo. Ele oferece a sensação de ritmo, confere cadência à vida. A natureza morta está fora do tempo. O jacaré imóvel sob o Sol também parece fora do tempo. Quando, subitamente, sai correndo atrás de sua presa, veloz e ágil, tomamos um susto. Ficamos surpresos porque aquilo que estava fora da espiral volta ao fluxo, faz sua reentrada na temporalidade. Mesmo nesta época de relações efêmeras e virtuais, percebemos como o homem ainda tenta vencer o tempo, idealizando o amor eterno. Num debate sedutor, Ana Maria Machado e Moacyr Scliar mostram o quanto a literatura influenciou esse ideal celebrado pela cultura ocidental nos últimos séculos. Afinal, ao nos explicar e propor mundos de fantasia, a literatura, assim como o cinema, revela, por exemplo, como num único gesto amoroso pode estar todo o amor do mundo.