Dandi só conhecia um tipo de casa, a casa do sítio, onde moravam os pais, os cinco irmãos, tia Tonha e vô Chico - o vô das histórias, o vô que lhe ensinou o que fazer com as palavras: o vô que lhe revelou uma lenda antiga, sobre uma árvore com frutos muito diferentes e um segredo que iria acompanhá-lo por toda a vida. O livro foi selecionado para o PNLD 2018 Literário. Trecho: De tarde, vô Chico se deitava na rede da varanda e mandava o menino sentar no chão, ao seu lado. Esse aconchego tinha sempre gosto de descoberta. | Tinha dia que era o dia do silêncio, de ver o sol se esconder atrás do morro, ou de ouvir as formigas marcharem, carregando suas folhas e seus torrões, todas em fila, sempre em frente. | Tinha dia que era pra deixar o olhar se perder no horizonte, na brisa que brincava com as árvores, nas nuvens que apostavam corrida pra ver quem fazia o desenho mais bonito. | Mas tinha dia especial. Dia de ouvir história de índio, de branco, de negro (como era a cor do vô Chico), ou de raça misturada (como era o próprio Dandi). Dandi era menino de pele morena, cabelo de índio e olhos de horizonte, enxergando sempre além. Foi assim que ele ouviu o avô descrevê-lo para um compadre da cidade.