No estudo sobre a história da educação, considerar Paulo Freire como um dos maiores educadores brasileiros, alguém amoroso, que trouxe novas perspectivas de educação para o Brasil, parece justificar seu trabalho. No entanto, na reflexão de seus escritos percebe-se que se afirma em suas crenças. Marcadamente humanista, sentia-se "um enfeitiçado pela teologia", embora não se considerasse um teólogo. Talvez, por sua convicção no que concerne ao homem como ser inacabado afirmou-se um quase católico. As implicações das crenças sobre as ideias são afirmadas por Freire ao longo de sua construção pedagógica. Paulo Freire se definiu como alguém sem dificuldades em se compreender na fé. Este livro, ao estudar um pouco da história da religião e da educação na América Latina e no Brasil, busca estabelecer aproximações entre a Teologia da Libertação e a Visão Educacional de Paulo Freire. Demonstra esses dois campos de conhecimento e ação surgidos em época de crise comum, no uso de ferramentais teóricos convergentes, um aparente diálogo entre conhecidos. Não importa qual seja a cultura, qual seja a época em que se tenha vivido. A educação sempre teve uma natureza religiosa. As crenças implicam o que se pensou, o sentiu e se fez sempre. Portanto, estudar as implicações que o mundo das crenças tenha sobre o mundo das ideias, parece uma condição indispensável. Educação e crenças nunca se excluem, uma vem sempre influenciada pela outra na aceleração ou retardamento do desenvolvimento humano. Quem estuda essa inter-relação, dificilmente não terá uma emersão de consciência.