Este livro, Tomos I e II, aborda elementos conceituais e práticos referentes à formação da Clínica-Escola de Psicologia de orientação psicanalítica. Dois movimentos investigativos principais foram articulados nesta pesquisa. O primeiro, no Tomo I, estabelece uma relação de solidariedade entre o sujeito do inconsciente e o sujeito da esfera pública. Esse movimento, por um lado, se refere às descrições de Hannah Arendt sobre as diferentes esferas da convivência humana: a privada, a pública e a social, enfatizando-se que a esfera pública é o lugar próprio do sujeito da ação e da enunciação do discurso. Por outro lado, interpreta o sujeito da psicanálise que, conforme S. Freud e J. Lacan, como sujeito do inconsciente, é também um sujeito da enunciação. Sobre este tema são apresentados os critérios pelos quais o ato analítico e o sujeito sobre o qual ele incide podem ser pensados em termos de pertinência na esfera pública, originando um entendimento da extensão do discurso psicanalítico. O segundo movimento, apresentado no Tomo II, explora o tema do ensino da psicanálise na universidade, centrando-se na formação possibilitada pela Clínica-Escola de Psicologia de orientação psicanalítica. Nessa inflexão da investigação, são descritos os elementos centrais atinentes à formação pretendida pela Clínica- -Escola, considerada a pertinência pública do ato psicanalítico e sua efetividade de transmissão; discute-se qual tipo de saber é formador e situa-se a tensão entre o saber técnico e o saber ético, por meio da interrogação do sentido do termo grego phronesis conforme a leitura de Aristóteles feita por H. G. Gadamer. O intuito é a proposição da novidade da pertinência pública do ato analítico e, a partir dela, contribuir para um maior conhecimento formativo-profissional no âmbito da Clínica-Escola de Psicologia.