Neste livro, é discutido como o cruzamento de três experiências históricas se conjugaram para formar um dos movimentos políticos de maior repercussão da América Latina no fim do século XX: a mobilização indígena no sul do México por meio do Exército Zapatista da Libertação nacional e do seu enigmático líder, o subcomandante Marcos. Trata-se de um trabalho baseado em documentações históricas e bibliografia especializada que foge das visões impressionistas e jornalísticas que tem dominado as publicações brasileiras a respeito.Com originalidade, o autor busca explicar o zapatismo como o resultado da articulação entre a tradição indígena de Chiapas, a Teologia da Libertação e a esquerda revolucionária mexicana, cuja síntese, longe de ser uma somatória, mostrou-se como algo inovador, desafiador e por isso difícil de ser compreendido.Em geral atribuem-se as origens da mobilização indígena aos setores urbanos que fundaram o EZLN, os quais teriam operado no sentido de promover uma revolução no campo para as cidades. Aqui a perspectiva é oposta, de modo a priorizar a visão do processo a partir da realidade rural, tanto dos seus habitantes quanto as ações do clero católico.