Aquilo que se faz pela apática busca da beleza resulta na assepsia da própria vida. Portanto, ao falar deste livro, não evocarei o azul atlântico das distâncias que constroem a língua estrangeira de todos os lugares, nem as montanhas cobertas com o verde da primavera tecida nos olhos da infância ou algum carnaval dos sentidos perdido na linha da história. Tudo caberia aqui, mas pareceriam palavras grandes como tantas outras que escutamos nesse farfalhar de asas sem rumo que estamos imersos. Para quem está se afogando crocodilo é tronco foge dos estereótipos possíveis numa festa erigida no que há de mais marginal, interior e real, é o bailado de Deus morto, o lixo esculpindo o sublime, a ressaca da manhã seguinte. A experiência do poeta Wladimir Vaz Mourão é da falta de pertencimento de ser de alguma parte alguma, do moleque recém-chegado da várzea distante e cujo sotaque e português era motivo de chacota entre os colegas, futuros acadêmicos homogeneizadores do conhecimento, até(...)