De Adorno a Ian Watt, de Auerbach a Octávio Paz, de Lukács a Antonio Cândido, de Eagleton a Gilberto Freyre, os mais notáveis e diligentes pensadores da área debruçam-se através dos tempos sobre a arte e a literatura, mais precisamente focalizando o "romance", esmiuçando suas particularidades, examinando cuidadosamente suas nuances, averiguando e analisando com desvelo cada peculiaridade deste famigerado gênero literário da Era Moderna, o que propiciou aos nossos dias um sem-fim de teorias, doutrinas e proposições das mais variadas fontes, veredas e vertentes. De Hannah Arendt a Aristóteles, de Ernst Bloch a Durkheim, de Hobbes a Kant, de Platão a Weber, de Sócrates a Hegel, por sua vez, as mentes mais prodigiosas da sociologia e da filosofia investigam, ao longo da história, o que convencionamos denominar "sociedade" ou "vida social", explorando suas características mais intrínsecas e seus particularismos, embrenhando-se em árduos, espinhosos e tortuosos caminhos, no sentido de entendê-la e explicá-la, constituindo um farto e vistoso leque de possibilidades, um verdadeiro emaranhado de concepções, sentidos e juízos. Em "A Sociedade como Ficção", Edison Bariani lança-se corajosamente na hercúlea tarefa de confrontar e reformar o que se sabe sobre esses castelos geminados de uma vez por todas, edificações que se ergueram frente a frente e nos levaram (e levam) a uma série de grandes questões ao longo da história: a literatura é o espelho social de uma determinada época ou a sociedade é que alimenta-se em larga escala das contribuições literárias para o seu autoentendimento?