Como preservar, manter e reforçar a coesão social? Essa pergunta incomoda as sociedades contemporâneas. O mais frequentemente possível, responde-se a ela invocando a história, a memória ou a identidade. Qualquer esforço será em vão, entretanto, se nenhum progresso intervier no campo da justiça social. Nesse domínio, quais são, portanto, nossas expectativas legítimas? Na era do individualismo democrático, a resposta parece clara: precisamos garantir a igualdade de oportunidades. Tal princípio é sedutor, mas se bastaria a si mesmo? Pois, se a doutrina da igualdade de oportunidades se impõe como figura soberana da igualdade e nos faz a promessa de uma justiça social perfeitamente ajustada às exigências do individualismo moderno, são inúmeras as injustiças cometidas em seu nome. Por essa razão, não poderíamos nos contentar em deplorar a distância entre um princípio e uma realidade; nem ter a esperança de fazer desse ideal de justiça a máscara sorridente de uma ideologia injusta. O princípio de igualdade de oportunidades deve ser interrogado em sua dimensão propriamente trágica: impossível, mas, ao mesmo tempo, necessário. Como assumir tal contradição? Neste livro, Patrick Savidan se empenha em evidenciar as particularidades dessa tragédia corriqueira, que arrasta o cotidiano de tantos indivíduos. Na medida em que a igualdade de oportunidades, do modo como a colocamos em prática, é um fator de injustiça e fragmentação social, ele nos propõe uma redefinição que abre caminho para uma igualdade de oportunidades sustentável.