o texto que raphael apresenta ao leitor permite acompanhar o processo de fabricação do trabalho do historiador com todo o rigor acadêmico exigido àqueles que se dedicam ao ofício. para narrar sua história o autor escolheu como guia um personagem, vegécio, e uma obra, epitoma rei militaris. na oficina do historiador a escolha da fonte marca profundamente o desenvolvimento do produto final. o contexto de sua produção, a linguagem, os valores individuais e coletivos do sujeito, bem como as forças motrizes da época deixam marcas indeléveis no documento. identificá-las é o desafio. diante das escassas informações sobre o sujeito objeto de sua pesquisa, raphael recorreu a uma estratégia cara ao historiador, qual seja a de estabelecer relações do texto de vegécio com outras fontes da época, comparar a proposta apresentada no epitoma com experiências militares de outros períodos históricos, além de evocar uma miríade de autoridades em história romana para sustentar seus argumentos. para além desse procedimento que poderíamos nominar de científico há que ressaltar os subjetivos: a evocação afetuosa feita ao pai, militar da reserva, a inquietação diante da banalização da violência e da guerra na atualidade e a confissão de que por um momento desejou ingressar nas forças armadas. ao fim, a pesquisa de raphael nos abre uma janela para o passado e outra para o presente, e na interseção desses tempos, a oportunidade de observar as memórias, concepções e estratégias de um historiador em formação.