Aprender é difícil; desaprender é muito mais. Aprender é necessário; desaprender muito mais. E quanto temos a desaprender: o racismo de nossos antepassados; o machismo de nossos pais, entranhado em homens e mulheres; a certeza em nossas crenças (nossos pequenos fundamentalismos); o apego ao dinheiro e a ilusão de seu poder ilimitado; nosso temor da morte (e este talvez seja o mais difícil desaprendizado de todos). Por fim, desaprender o ressentimento, pois ele nos condena à tristeza. Ercy, em seu A arte de desaprender, reafirma o vigor de sua escrita, ainda que, logo de saída, avise seu leitor que se trata de uma despretensiosa coletânea, escrita por um preguiçoso esforçado. Sei que, para ele, escrever é um ato de disciplina e, resultado de sua própria exigência, de permanente revisão. Entretanto, nada disso transparece em seu livro, no qual compartilha seu aprendizado e principalmente o desaprendizado, como propõe o título à medida que discorre sobre literatura, música (...)