Família Mousquer, uma imigração francesa no sul do Brasil, à primeira vista, acenaria a mais um segmento europeu no Prata e no Brasil, em especial no Rio Grande do Sul. Mas, em realidade, se trata de um fato singular, específico e único como singular, específica e única é a imigração francesa que, por iniciativa própria ou agendada, olha para o mundo e decide nele buscar seu espaço de vida, ação e liberdade. Jean Mousquère dit Beigtheder olha o mundo a partir do Prata e da Província Gaúcha, quatro décadas depois de concluída a Revolução Francesa das armas, e no começo da implantação da revolução das ideologias. Mousquère emigra com a experiência pré e pós-revolução. E assim aconteceu com a maioria dos franceses e descendentes que aqui aportaram da França e de outros países, pouco antes, durante e após a grande emigração européia que se intensifica a partir de 1875, com o grande êxodo italiano para as Américas, em especial ao Brasil, com destaque ao Rio Grande do Sul. Concordando ou não com as reformas no próprio país, convivendo com a instabilidade conseqüente de iniciantes mudanças, quando a França define o Francês como língua oficial, as terras comuns passam a particulares, o calendário civil substitui o gregoriano e a laicização estréia as bases de uma reforma geral econômica, política, social, religiosa e educacional. Em momento decisivo da cultura francesa, Jean Mousquère pensa em constituir sua nova realidade com base em sua própria liberdade para não repetir o passado em estado terminal, nem se sujeitar ao arbítrio de um estado conjetural. Sem amparos e seguranças externas, apostando em seus próprios sonhos, projetos e utopias, junta-se às levas européias que vieram "fazer a América", unindo esperanças, coragem e trabalho, definindo um novo modo de ser, fazer e viver, postado na surpreendente mesa de diferentes culturas, etnias e povos. Enquanto a França proclamava sua liberdade política, Mousquère garantiu sua liber-dade pessoal, premiando o Prata, o Rio Grande do Sul e o Brasil, em direção ao resto do mundo, com seu traço único e intransferível de francesidade.