Em 2013, aos noventa anos, Jacob Gorender faleceu em São Paulo. Seu desaparecimento foi lamentado pelo melhor da intelectualidade brasileira; multiplicaram-se manifestações de tristeza das forças democráticas e dos militantes da esquerda. Poucos homens deste país foram tão pranteados e tão homenageados como Gorender e poucas vezes as expressões de respeito a um morto foram tão sinceras e merecidas. Baiano de Salvador, filho de judeus pobres, Gorender frequentou a Faculdade de Direito da capital baiana entre 1941 e 1943. Não concluiu o curso: alistado na Força Expedicionária Brasileira, cumprindo determinações do seu partido (o PCB), chegou à Itália em setembro de 1944 e participou das batalhas de Monte Castelo e Montese. No regresso, tornou-se um quadro profissional do PCB, militando em organizações no Rio de Janeiro e em São Paulo e intervindo ativamente na imprensa comunista. A prática política a que se dedicou desde então foi sempre acompanhada pela sua intervenção teórica. Depois de um curso em Moscou (1955), conquistou influência no PCB e participou da redação da Declaração de Março (1958), importante documento que marcou um giro na linha política dos comunistas. Já granjeando prestígio intelectual com os ensaios que passou a publicar na revista Estudos Sociais (criada naquele ano no Rio de Janeiro, sob a direção de Astrojildo Pereira), em 1960 Gorender foi eleito para o Comitê Central do PCB (no V Congresso). Na sequência do golpe de 1964, quando os comunistas viram-se obrigados a avaliar as causas da derrota de abril e formular uma nova orientação política, no marco do VI Congresso do PCB (1967), Gorender divergiu da direção partidária de que fazia parte e com outros dirigentes (como o seu amigo de juventude Mário Alves, assassinado pela repressão em 1970, e Apolônio de Carvalho) fundou em 1968 o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário/PCBR [...]