«O quarto grau da poesia lírica é aquele, muito mais raro, em que o poeta, mais intelectual ainda mas igualmente imaginativo, entra em plena despersonalização. Não só sente, mas vive os estados de alma que não tem diretamente. Em grande número de casos, cairá na poesia dramática, propriamente dita, como fez Shakespeare, poeta substancialmente lírico erguido a dramático pelo espantoso grau de despersonalização que atingiu. Num ou noutro caso continuará sendo, embora dramaticamente, poeta lírico.», é isso que nos diz Fernando Pessoa em um fragmento intitulado Os graus da poesia lírica, e que neste livro singular de Pedro Loureiro podemos entrever, porém com uma diferença em relação ao gênero de poesia dramática tradicional, já que em muitos diálogos as personagens não podem ser previamente conhecidas, deixando-nos um espaço vago que é, afinal, a possibilidade de um campo aberto palco onde a literatura pode ser um acontecimento. Nesse campo é gerada uma tensão pela própria (...)