A TRILOGIA DO AMOR reúne O sexophuro, de 1981, A paixão de Lia, de 1994, e O amante brasileiro, de 2003, as três ficções de Betty Milan sobre o amor. O sexophuro focaliza uma mulher que, diante da falência da vida conjugal, procura fora do casamento uma saída para si. Origina-se no drama de um casamento impossível e termina com a separação e o novo amor que a personagem celebra, o amor da escrita. Como a personagem de O sexophuro, a de A paixão de Lia não encontra solução para si na vida real. Sua história é a de uma mulher que, para compensar a falta do amado, se deixa levar pela fantasia, passando de uma a outra situação imaginária. Da primeira, em que se imagina com ele, para a segunda, em que, dissuadida de encontrá-lo, vai ao bordel em busca dos simulacros e assim sucessivamente. Apartada do resto do mundo, Lia se realiza através da liberdade de imaginar, mas permanece só, do começo ao fim do romance. Já em O amante brasileiro a mulher encontra um parceiro. Por isso o texto é centrado em dois personagens, Clara e Sébastien, que se amam verdadeiramente. O que eles mais querem é o acordo. Porque o amor verdadeiro — flor rara — tem como referência a amizade, e a traição lhe é tão estranha quanto o sentimento de ter sido traído. A comunhão, que a personagem de O sexophuro sequer imagina e Lia só alcança imaginariamente, é vivida de maneira plena por Clara e Sébastien, que são amantes e irmãos de alma.