À primeira vista, O insaciável homem-aranha é uma crônica de uma cidade movida a rum e malandragem, brutalidade e desejo. Pedro Juan Gutiérrez faz nova incursão pelas ruas de Havana, com a virulência e a candura despudorada que fizeram dele uma das vozes mais inquietantes da literatura contemporânea. Mas, desta vez, seu narrador - um flâneur sem vintém - arrisca-se além das ruas e esquinas conhecidas, na fronteira entre ficção e realidade, entre conto, romance e diário, para mergulhar na vertigem da própria literatura, sua razão de ser e sua danação. No conto que dá nome ao livro, por exemplo, o narrador se compara a um personagem de histórias em quadrinhos. É um super-herói obcecado por sexo e "envenenado" pela amargura. O insaciável homem-aranha é um livro desconcertante sobre uma situação extrema, em que o sexo, o desregramento e a literatura são o veículo da degradação, do heroísmo e da vontade de sobreviver.