Esta obra é uma introdução à Didática da Escrita, destinada à formação inicial e contínua dos professores de línguas. Ela é uma adaptação do livro Production ecrite et difficultés d'apprentissage (J. Dolz, R. Gagnon e S. Toulou, 2008) para o ensino de Língua Portuguesa e, mais particularmente, para o ensino no Brasil. Nosso objetivo é chegar a um público amplo de professores de Português do Ensino Fundamental e de estudantes universitários que iniciam seus estudos em Didática das Línguas. Entretanto, este livro não pode ser considerado como uma simples tradução de seu correspondente em francês, porque, na medida do possível, levamos em conta as particularidades da Língua Portuguesa, os fenômenos próprios de sua textualização e as questões referentes ao sistema ortográfico português. Além disso, esforçamo-nos para integrar, às análises realizadas, textos produzidos por alunos brasileiros procedentes de escolas de Londrina. A respeito deles disponibilizados por Elvira Lopes Nascimento, a quem agradecemos de modo especial. Orientado explicitamente para a análise de produções escritas, o livro propõe uma metodologia que permite depreender as capacidades e as dificuldades dos alunos, autores dos textos. Mostramos como partir de suas capacidades e de seus erros para organizar o ensino, salientando os principais obstáculos a serem ultrapassados em função dos diferentes componentes dos textos trabalhados. Desse modo, procuramos, da melhor forma possível, adaptar o ensino aos aprendizes da escrita. O desafio de uma obra como esta consiste em apresentar, de modo simples, um procedimento, que é por definição complexo e que se aplica aos diferentes níveis da escolaridade obrigatória. Com esse objetivo e para melhor orientar o leitor, limitamos as referências teóricas e bibliográficas àquelas que nos parecem indispensáveis e mais representativas do campo da pesquisa. Considerar a diversidade textual e a escolha do gênero textual como unidade de trabalho para ensinar a produção escrita é o fio condutor deste livro. Para isso, como ilustração, alguns gêneros narrativos e argumentativos foram objeto de análises mais detalhadas, nos dois últimos capítulos focalizando procedimentos de análise das capacidades e das dificuldades dos alunos e o desenvolvimento de pistas didáticas para as atividades concretas de ensino. Vale ressaltar que tanto o trabalho de definição e de caracterização de outros gêneros textuais quanto de atividades escolares para ensiná-los exigiria um livro mais completo do que este. O conjunto do livro deve muito às reflexões, comentários e críticas de estudantes que fizeram os nossos cursos. Também agradecemos aos primeiros leitores da versão francesa: Marianne Weber e Sandrine Aeby Daghé, da Universidade de Genebra, e Claude Simard e Suzanne-G. Chartrand, professores da Universidade de Laval, no Québec. Expressamos também nossa gratidão à Anna Rachel Machado, Carla Messias Ribeiro da Silva, Elvira Lopes Nascimento e Fábio Delano, cujos comentários críticos contribuíram para melhorar esta edição da versão em português. Resta-nos apenas desejar que nossos leitores tenham a mesma curiosidade e que possam compartilhar conosco suas reflexões e suas propostas. Esperamos que sejam bem numerosas, porque é importante dispormos de uma ampla gama de dispositivos originais e inovadores para motivar os alunos e para transformar os conhecimentos e as habilidades da escrita. Acreditamos que a pesquisa de formas de intervenção eficazes contra o iletrismo, baixo letramento ou analfabetismo funcional é uma prioridade para um país como o Brasil. O livro é particularmente adequado para acompanhar as atividades sobre as sequências didáticas do Programa Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, conforme vem sendo realizada no Brasil. Uma das razões principais de sua adaptação para o português é justamente o desejo de modestamente poder contribuir para o desenvolvimento desse projeto, buscando, sobretudo, adequar o trabalho com a escrita aos alunos com dificuldades de aprendizagem.