Este livro é um trabalho pioneiro cujas origens remontam há mais de um quarto de século. Nem por isso perde seu interesse e atualidade pois, até hoje, é um dos raros exemplos de pesquisa capaz de integrar uma perspectiva arquitetônica com uma análise antropológica. Trata-se, efetivamente, de uma extensa e detalhada pesquisa de campo que lida com os diversos tipos de atores sociais envolvidos com a construção, organização social do espaço, decoração e o uso propriamente do que é tratado como uma instituição. O desenvolvimento do trabalho deu-se no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da UFRJ, onde os autores tiveram oportunidade de discutir e trocar idéias com professores e colegas. Utilizaram uma bibliografia de referência até hoje de grande relevância para a antropologia urbana e das sociedades complexas. O próprio trabalho de campo realizado pelo casal traz interessantíssimas indagações e coloca problemas originais a respeito dos desafios da pesquisa antropológica não só no meio urbano em geral mas na própria sociedade dos investigadores. Levanta estimulantes indagações sobre “taste cultures”, relação entre gêneros, o lugar da sexualidade no mundo contemporâneo, sociabilidades e, em geral, a organização social do espaço urbano. Esta foi uma pesquisa que já era um desdobramento de trabalhos anteriores e que teve efeitos importantes no desenvolvimento da carreira dos autores. Esse caráter interdisciplinar, inquestionavelmnete constituiu-se em um marco significativo nas relações entre urbanistas e arquitetos com a área das ciências sociais, particularmente a Antropologia.