Certa manhã, pinta-se um quadro negro: uma palavra-caminhão, dessas que trafegam ameaçadoramente inclinadas, carregada de letras garrafais, atropela um ponto numa esquina de frases e foge sem ser identificada. Enfurecida, a pontuação se revolta e o quadro político e social de Ponto Alegre se desequilibra. No desenrolar da trama, o Rei que não governa, o Regente com problemas de regência, a Rainha ambiciosa e traiçoeira e a Passiva - polícia secreta do Estado - terão de enfrentar os perigosos radicais Grego e Latino (do grupo terrorista Compostos Eruditos), uma igreja popular recém criada e o descontentamento generalizado que teve início com o atropelamento do pequeno ponto. "Terceiro romance de Vitor Ramil, depois de Pequod (Artes e Ofícios, 1995) e Satolep (Cosac Naify, 2008), A primavera da pontuação transcorre no mundo da linguagem. Nele, o leitor entrará fascinado para confundir-se com os protagonistas da língua e acompanhar a lógica de suas ações. Ficção científica, farsa e romance pop convergem nessa obra divertida e inteligente, em que a erudição linguística ao mesmo tempo fabula, explica e provoca. "Vitor Ramil nasceu em Pelotas, Rio Grande do Sul, em 7 de abril de 1962. Compositor, cantor e escritor, é autor de dez discos -- entre eles, Ramilonga- A estética do frio (1997) délibáb (2010) e Foi no mês que vem (2013). Escreveu ainda o ensaio Estética do frio (2003).