Tchevengur, único romance finalizado por Andrei Platônov, discute dialeticamente a utopia soviética comunista: nos anos 1920, Aleksandr Dvánov, filho de um suicida, e Stepán Kopienkin, acompanhado por seu rocim Força Proletária, erram pela estepe russa em busca do éden comunista e acabam em uma cidade alucinante, Tchevengur, onde seres humanos belos e possessos concebem o inconcebível paraíso. O livro, que no início fora intitulado Construtores da Primavera, projeta quixotescamente um mundo que poderia ter sido, beirando por vezes o absurdo ao expressar as ideias ultrarrevolucionárias das personagens cujas contradições são expressas na própria língua, ou nas várias línguas que povoam a paisagem platonoviana. Tchevengur, escrito entre 1927 e 1929, só foi publicado integralmente na Rússia em 1988 e, desde então, é apontado como um dos auges da produção de Andrei Platônov, que, munido de uma linguagem paródica-poética e ao mesmo devastadora, ocupa uma posição única na literatura [...]