Palavra gerúndio finito é ato-iniciação, caminho para o começo que desvela, entre sendas, cruzamentos e travessias, a vertigem do nascimento do poeta. Vinicius Brasileiro reúne uma cepa peculiar de poemas livres de pontos, vírgulas e travessões em que a palavra se instaura fluida na ininterrupta composição de imagens cinematográficas ora como sonho, ora como reza, ora como alucinação (da boca sal salivam ondas incansáveis). Os poemas vão e vêm como galope, as palavras saem do mar em cortes abruptos, molhados de saliva numa procura latente por afeto e celebração do corpo, o redemoinho da vida. Água, sol, areia, língua, voo, vento e silêncios são evocações que nascem-renascem no solo fértil de epifanias e fluxos, lembranças-fotografias da memória do poeta (sombras que me dobram). É um livro para ser lido de uma só vez e em alta voz, num ritual de valentia e entrega, e depois meditado em goles demorados e envenenados de sussurros e salmodias rebeldes (a pipa em queda livre (...)