No inicio da década de 1990, a procura de novos dilatadores coronarianos conduziu à identificação incidental de uma nova classe de moléculas capazes de modular a ereção peniana: os inibidores da fosfodiesterase-5. A miríade de anginosos não pôde receber nenhum alento, dada a falta de ação coronariana mais consistente desses agentes. Contudo, milhões de homens atormentados por disfunção erétil puderam vislumbrar; no horizonte, esperanças concretas para contornar seu mal. De forma interessante, a introdução em clínica do citrato de sildenafila produziu transformações médicas e sociais que deixaram para trás as previsões dos mais incorrigíveis otimistas. Surgiu pela primeira vez uma droga capaz de restaurar deficiências eréteis e, mais do que isto, expôs-se uma realidade até então ignorada ou, no mínimo, subestimada. Problemas sexuais passaram a ser discutidos abertamente entre leigos e entre estes e médicos; com isto, ficou claro que um número muito além daqueles registrados em estatísticas era portador da incompetência. Esses homens não se revelavam, inseguros para discutir um tema-tabu e seguros da inexistência de alternativas terapêuticas consistentes. Ademais, logo ficou claro que a utilização de inibidores da fosfodiesterase-5 produzia mais do que minutos fugazes de prazer físico. Ela passou a repercutir profundamente no comportamento social do homem, recompondo relacionamentos humanos perdidos. Até então, indivíduos desestabilizados pela disfunção sexual rompiam uniões consolidadas ou fugiam de novas relações, fustigados pelo temor da incompetência. Não menos importante, um numeroso bloco de médicos e cientistas passou a estudar o problema, demonstrando que, independentemente da etiologia, todas as causas de disfunção culminavam com distúrbios da microcirculação peniana e imperfeições funcionais do endotélio local, num mesmo concerto que envolvia todo o sistema vascular periférico, incluindo a circulação cardíaca. Nada mais lógico, pois, que cardiologistas passassem a comprometer-se diretamente com o estudo da disfunção erétil, tomando o problema como um marcador de doenças cardiovasculares. De forma auspiciosa, os Drs. Otávio Rizzi Coelho e Carlos V. Serrano Jr. compreenderam essa situação. Mais do que isso, foram felizes ao escolher um grupo tão qualificado de autores para expor os novos conceitos e editar o presente livro.