A obra, muito bem elaborada pelo professor Everaldo Carvalho, trata o cárcere pelo viés da arte, sem desprezar os demais conhecimentos produzidos sobre esse universo. A arte de criar textos, a literatura, produz, nesse caso, uma expansão do saber sobre o cárcere e desloca esse saber daquele outro, produzido na academia. Entretanto, não é apenas um procedimento estético que atribui a esse livro o caráter de texto literário. Muito mais do que a produção estética, essas narrativas são provocadoras de sentimentos, de emoções, de compreensões sensíveis sobre a prisão e seus protagonistas. A Face Maculada, embora trate de cárcere, é libertadora: provoca reflexão, cria imagens, singulariza personagens. Faz o cárcere e a rua se aproximarem. Faz também a arte e a ciência se unirem para desvendar o emaranhado simbólico das prisões.