Neste livro problematizamos a Lei 10.639/2003 que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana na educação básica, demanda um repensar das ações pedagógicas no espaço escolar e no currículo. Esta Lei combate as sub-representações e os estereótipos vividos pela população negra ao longo da história brasileira. Sua efetivação na sala de aula exige formar um novo perfil de docentes e discentes a fim de que, no processo de reflexão sobre o eu e o outro, eles se apropriem de conhecimentos necessários para questionar a pedagogia excludente que ainda existe nas escolas. Para alcançar esse objetivo, estabelecemos a seguinte questão norteadora: De que maneira o uso do cinema como fonte de pesquisa pode colaborar com o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana na educação básica, como propõe a Lei 10.639/2003? Realizamos uma pesquisa-ação participativa, oferecendo um curso de extensão destinado a contribuir com a formação de professores e professoras da rede estadual de educação. Durante o curso, exibimos três narrativas fílmicas: Amistad (1997) de Steven Spielberg; Macunaíma: um herói de nossa gente (1969) de Joaquim de Andrade e Vista a minha pele (2003) de Joel Zito Araújo. Verificamos que os filmes provocaram reflexões sobre a prática docente, problematizando os conceitos de raça, etnia, igualdade, diferença, cultura e conhecimento. As análises dos dados obtidos indicam que a intervenção pedagógica com as narrativas fílmicas e as discussões contribuíram para ampliar o conhecimento dos docentes sobre os filmes e repensar as suas subjetividades, posturas pessoais e os preconceitos historicamente assumidos. Concluímos que, na educação escolar, a utilização das narrativas fílmicas é um caminho possível para serem discutidas as questões desafiadoras da nossa atualidade.