Tornar-se Aluno(a) Indígena discute a partir do método etnográfico os processos de ensino e aprendizagem e as práticas pedagógicas escolares das crianças Guarani Mbya de Nova Jacundá, que vivem no sul do Pará, a fim de compreender o que é tornar-se (becoming/become, Toren 2004) aluno(a) indígena. A criança será aqui tomada como ator social ativo e produtor de cultura (Cohn 2005) e a escola será abordada como um espaço em que as crianças tornam-se alunos, como uma das práticas de autopoieses (autopoietic, Toren 1999), ou seja, de produção de significados sobre o seu mundo. Sendo assim, minha etnografia pretende compreender como estas crianças produzem significados no contexto escolar e na condição de alunos indígenas, tomando a escola como um espaço de fronteira (Tassinari 2001), em que se articulam os conhecimentos, o modo de ser guarani mbya e suas práticas de ensino e de aprendizagem com os conhecimentos e métodos pedagógicos escolares. Esta etnografia de uma escola guarani mbya irá contribuir para a compreensão dos significados atribuídos pelas crianças ao ir à escola, espaço onde se dão novas formas de construção de conhecimento - indígena e não-indígena em novas relações, além daquelas realizadas nos próprios processos de aprendizagem guarani.