De vagar o sempre não são contos para relaxar. Antes inquietam e desestabilizam desde logo pela linguagem transfigurada. O autor propõe um novo léxico, de que precisamos nos apropriar e que em nada tem a ver com as palavras que antes conhecíamos de cor e salteadas. Isso, em si, já é uma provocação e um desafio: não haverá de ser com as palavras de todo-dia que leremos os contos de Pantaleoni. As histórias são as questões humanas de sempre, irresolvidas. São casos de vidas pequenas, em que as violências têm de ser tragadas com a avidez da pressa, pois há trabalho por fazer, há sede por aplacar e fome para saciar. Uma violência não inata, mas a forma mais organísmica de reagir às dores, quando não há tempo e nem há sábios para explicá-las. São pontos de sangue na tábula quase rasa daquelas vidas impossíveis de transcendências. Cássio Pantaleoni