Independentemente de quais sejam as motivações, muitos artistas, como Edith Derdyk, precisam, em algum momento de sua trajetória, olhar de fora aquilo que vivem intensamente quando estão criando suas obras. Algo os leva a refletir sobre o fazer artístico e a sistematizá-lo de algum modo. E assim vamos nos aproximando, por caminhos diversos, deste fenômeno tão complexo. Valéry, Poe, Maiakovski, Umberto Eco, Arnheim e Kandinsky, entre tantos outros, nos revelam muito da criação em poéticas, ensaios teóricos e relatos prospectivos. Linha de horizonte - por uma poética do ato criador, de Edith Derdyk, é um belo ensaio que oferece uma criação em meadas - novelos de fios entrelaçados -, curiosamente, nos fazendo lembrar de sua obra plástica. Ao longo de seu texto, Edith, como uma boa tecelã, escolhe, puxa e entrelaça fios e assim vai surgindo um texto que nos mostra como ela sente e vê o processo criativo. Vamos, aos poucos, conhecendo o que ela considera importante e significativo neste percurso. Em meio a uma delicada prosa poética, a autora encontra precisão nas tantas frestas de significação que as metáforas oferecem. Isto fica bastante claro no modo como ela utiliza a imagem do voo da ave de rapina, tanto para descrever o ato criador, propriamente dito, como para se aproximar, metalinguisticamente, deste fenômeno.