Aquele que deixa sua pátria enfrenta questões muito mais profundas do que as geográficas. O imigrante se defronta, muitas vezes, com uma nova língua, com um clima diferente daquele a que se acostumou durante toda a vida, com uma vegetação estranha, e satisfazer suas necessidades mais básicas se torna um desafio. Sol entre noites aborda a perda de identidade, o processo de transformação de um ser humano em um apátrida. Este romance dá continuidade ao tema abordado no emblemático Abismo poente, de Whisner Fraga e ao estilo radical do autor, que leva as figuras de linguagem às últimas consequências, sem deixar de lado uma história sedutora, que tem como pano de fundo a Operação Litani, durante a qual milhares de libaneses foram exterminados, em 1978. Com a história da imigração libanesa para o Brasil como ponto de partida, o autor discorre sobre diversas formas do sentir-se estrangeiro. É a solidão forçada: a guerra, a ambição, a curiosidade, expulsam o homem de seu conforto. Youssef, Malika, Helena, Hanni, Afif, criaturas à procura de si próprias. A poesia entoada neste Sol entre noites enobrece a prosa, tornando-a uma combinação primorosa de sofrimento e delicadeza.